Quando fiz a 1ª cirurgia, na qual descobri que tinha câncer de ovário, os médicos retiraram os ovários, o útero e um pedaço do intestino. O negócio tava feio e eu não tinha noção.
Por conta da retirada do pedaço do intestino, os médicos fizeram uma colostomia.
O que é uma colostomia?
Simplificando: Colostomia é um novo caminho para a saída das fezes por meio de um estoma localizado no abdómen.
Quem tem uma colostomia não controla a saída das fezes, como acontece com pessoas que usam o tradicional caminho de saída.
Como nós não temos controle, nós usamos uma
bolsinha especial que gruda no abdómen. Nela as fezes ficam armazenadas até serem manualmente eliminadas.
No meu caso, a recomendação é trocar a bolsa 1x/dia, logo após o banho. Para aderência da bolsa, é necessário uma placa, esta eu troco a cada 3 dias
A colostomia pode ser temporária ou permanente.
Segundo os médicos, a minha é temporária, mas eu não sei quando farei a cirurgia de religação do intestino e colocação do estoma para dentro.
O novo caminho...
Sabe aquela expressão: ¨
Tô de saco cheio¨? Pois é...nunca foi tão real pra mim como agora.
Devo confessar que foi muito difícil...
No inicio, eu só absorvi o diagnóstico do câncer, passado uns dias depois, eu já conseguia entender meu corpo, os eletrodos e as bolsinhas.
Bem, eu estava em um enfermaria semi-intensiva, com cuidados redobrados 24hs.
Então os eletrodos eu sabia que eram importante, as bolsinhas, eu fui entendendo aos poucos. Uma para urina, uma para o dreno e outra para as fezes. Passado alguns dias, retiraram o cateter da urina e a bolsa foi junto. O dreno demorou mais uns dias, mas depois retiraram.
A bolsa das fezes, o médico tinha falado que talvez retirasse quando fizesse a segunda cirurgia.
Na véspera da 2ª cirurgia, 4 meses depois da 1ª, uma das médicas me falou que achava muito difícil fazer a recolocação do estoma, pois eu ainda iria fazer mais 3 quimioterapias, e a equipe médica achava prudente não fazer o procedimento. Mas, poderia ser feito 2 meses após a última quimioterapia, possivelmente em novembro.
Quando eu acabei o tratamento com a quimioterapia, a médica me explicou que eu iria começar um novo tratamento bem mais suave que a quimoterapia, mas que seria longo, 15 meses e que durante esse período eu não deveria fazer nenhuma cirurgia abdominal. Ou seja, eu continuaria com a colostomia.
Quando escutei isso, desandei a chorar ali mesmo.
A cada dia que passa, eu me acostumo mais com a idéia da bolsinha pendurada na minha barriga, e vou tocando minha vida.
No próximo post vou escrever como eu lidei e ainda lido com isso.