Uma semana antes de falecer, Ane enviou uma mensagem para a familia convidando a todos e todas a discutir o tema da morte e, em especial, a se preparar juntos/as para viver o dia da morte,
"Gente vamos compartilhando as coisas por aqui, assim não
ficaremos tão distantes.
Estou gostando muito dessa terapia paliativa em casa. Estamos aproveitando tudo o que temos direito, e com
qualidade e vida digna que todo mundo deveria ter.
Eu criei o grupo para falarmos de um assunto , difícil,
mas que depende da forma que tratamos, pode ser suave, e mais aceitável, que é
a morte.
Se vocês morassem aqui, falaríamos todos juntos e com
apoio da equipe que cuida de mim.
Hoje o médico nos perguntou como eu queria minha
cerimônia de despedida não estando mais viva.
Falei tudo pra ele, e ele nos aconselhou a compartilhar
com vocês, e assim atender meus últimos desejos.
Pode ser difícil para vocês, mas imaginem para os nossos
pais?
Então preciso do
apoio de vocês para irem conversando com eles sobre isso.
Eu nunca gostei de ver morto, ver gente em caixão e ir
para cemitério.
Por isso, quero ser cremada. Acho que o serviço de
cremação aqui é mais fácil e tranquilo do que Macapá.
A equipe médica, e nossos amigos e amigas aqui podem nos
ajudar sobre isso.
Então, eu quero ser cremada aqui, e que minhas cinzas
sejam espalhadas ao vento , do alto da fortaleza de São José de Macapá.
O médico falou que podemos fazer algo menos triste, uma
homenagem.
Todos poderiam comunicar a família e meus amigos e amigas
para me homenagear.
Aqui, eles tocam música, recitam poesia, bebem, comem e
riem bastante. Chora se muito pouco.
O médico disse que podemos ir organizando isso e não
deixar para ultima hora.
Como eu tenho amigas pelo mundo afora, elas poderiam ser
convidadas, e se quisessem ir para Macapá poderiam ir, mas tudo preciso ser
organizado com muita antecedência , para elas se organizarem também. Os filhos do Flávio também.
Bem cansei de digitar, o que vocês acham? Posso contar
com o apoio de vocês?"
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A cerimonia de cel
ebração vai ter lugar no dia 16 de maio de 2015, no Trapiche Eliezer Levy, a partir das 15 horas, sobre o Rio Amazonas, que Roseane tanto amava. Ela se juntara a suas aguas e viajara por todas as partes e nos visitara a todos e todas como queria.