Uma exposição no Museu Holandês da Libertação, em Groesbeek, mostra que o amor sempre venceu obstáculos. A exposição aborda o tema das relações amorosas entre prisioneiros em campos de concentração ou entre ocupadores e ocupados, como no caso entre alemães e holandeses durante a Segunda Guerra Mundial. A Holanda foi ocupada até 1945 pelos nazistas.
Lilly van Angeren nasceu na Alemanha, mas esqueceu o idioma do país. Como membro da etnia sinto, ela foi deportada em 1943 para o campo de concentração Ausschwitz-Birkenau, onde se apaixonou por um companheiro de prisão – um jovem estudante de Medicina de Varsóvia, louro, de olhos azuis.Ele se chamava Zbyszek e falava alemão. Lilly o chamava de "anjo" e ele a apelidou de "Lillyzinha". Van Angeren comenta que "frio na barriga" acontece até num dos lugares mais terríveis do mundo.Sempre que possível, os amantes se encontravam num lugar secreto, um banco atrás das barracas.
"De lá, podia-se ver o crematório, mas nós fechávamos os olhos ou só os tínhamos para nós, então não víamos aquilo. Enquanto nos beijávamos apaixonadamente, as chamas subiam metros de altura em direção ao céu.
Van Angeren está convencida de que só sobreviveu graças ao "anjo", pois o amor a fortaleceu. "Cabeça para cima", seu namorado costumava lhe dizer. Por um ano, eles se consolaram e se apoiaram mutuamente, até serem, um dia, separados.
Reencontro após 60 anosLilly van Angeren não conseguiu casar-se com seu "anjo". Depois da guerra, ela o procurou em vão por dois anos. Foi quando decidiu levar sua vida para frente, casou-se com um holandês e teve quatro filhos. Foram seus netos que, 60 anos mais tarde, conseguiram reencontrar Zbyszek. Um programa de televisão o localizou na Austrália, onde ele também havia criado uma família. Assim como Van Angeren, ele também desistiu, após longa busca, de procurar a ex-namorada.
Hoje, os dois trocam cartas e fotos de filhos e netos. Algumas vezes, Van Angeren lamenta o fato de terem se reencontrado somente após terem construído uma nova vida. Mas, explica ela, isto é o destino – e o destino não tem resposta para tudo. "O destino é mudo", conclui.
A Exposição Amor em tempos de guerra pode ser vista até setembro de 2009 no Museu Holandês da Libertação em Groesbeek.
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