12 de mai. de 2013

Maternidade não é para mim

Hoje é dia das mães. Todo mundo fazendo homenagem para as mães, inclusive eu, já fiz a minha nas redes sociais.
Todo mundo sabe, eu não sou mãe. E não lembro de ter tido esse anseio de ser mãe. Nem depois que eu casei oficialmente!
Acredite se quiser, mas eu sempre tive pânico de cuidar de bebezinho.
Isso não quer dizer que eu não goste de bebês e crianças. Eu adoro crianças, trabalhei em hospital infantil por 6 anos, e gostava muito.
Voltando ao papo maternidade...
Quando fiz a cirurgia em que descobri que tinha câncer, haviam retirado os dois ovários, o útero, um pedaço do intestino. A preocupação da equipe médica e enfermagem, era falar sobre a maternidade comigo.
Na minha 1ª e tímida crise, logo chamaram a psicóloga.
Ela veio conversar comigo, crente que eu falaria sobre o anseio da maternidade, lerdo engano, isso não era meu problema. Eu lembro que falei mais ou menos assim:
- Não tenho problema com isso, eu não tenho instinto materno, mas eu tenho outra preocupação, meu doutorado, meus estudos, minha viagem para o Brasil para realizar a pesquisa de campo, etc...

Podem atirar pedras, mas eu sempre achei um saco ter que abrir mão da vida pessoal em favor de outra pessoa. Esta frase me dá pânico: Filhos criados, trabalhos dobrados! Não, isso não é para mim
Eu adoro viajar, dormir bem (apesar de que eu já tenho insônia crônica), e acho que o mundo tá tão perigoso, violento e caro...isso me assusta muito, até se eu quisesse adotar uma criança. Me preocupo com minhas sobrinhas, sobrinhos, e filh@s de pessoas queridas.
Talvez um dia eu possa mudar de idéia, mas por enquanto eu sou feliz assim, sem filh@s.

A maternidade e o filme Sex and the City 2:
Umas das melhores cenas deste filme, é quando a Charlote e a Miranda conversam sobre maternidade, sobre seus medos e o fato de não quererem abrir mão das suas vidas pessoais e de trabalho.
Consegui a cena no youtube, mas está em inglês e sem legenda em português. Veja:
 Achei bem engraçado quando a Charlote, que tem uma babá gostosona fala que não tinha medo de perder o marido para a babá, mas sim de perder a babá.
A Charlote estava sufocada pelas crianças e pelo ¨insustentável leveza¨ do papel de ser mãe e a árdua tarefa de ser dona de casa. Lembrando que isso foi uma opção que ela escolheu.

Acho que muita gente já assistiu este filme, não é? Então dá para falar que no final do filme a Charlote ganha da Carry, a chave do apartamento dela de solteira, para que a amiga desfrute sozinha no ap da Carry, um dia/semana, sem as crias.
Porque ela quer fazer as coisinhas dela mesma, sem as pequenas para perturbá-la.
Mas se ela compartilhasse as tarefas domésticas com o marido, isso seria mais fácil também.
Será que este não seria o desejo de muitas mães, ficar sozinha em um apartamento sem ninguém para tirar-las o sossego?

De qualquer forma, feliz dia das mães para quem é mãe e ama ser mãe!

E para mostrar que eu não sou tão radical assim, aqui vai a poesia do Vinicius de Moraes sobre filhos:
Poema Enjoadinho

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

5 Comente aqui:

Milena F. disse...

Tema polêmico esse seu, principalmente no dia das mães!!!
Mas eu compartilho inteiramente seu ponto de vista. Por enquanto não ouvi ainda esse chamado da natureza, não senti esse instinto materno, e aos 33 anos ainda não tenho essa votade louca de ter filhos. Pode ser egoísmos (com certeza é) mas por enquanto sou muito feliz com a minha vida, meu marido e eu nos completamos e nos sentimos muito bem assim. Provavelmente teremos um filho no futuro (se tudo correr bem, a gente nunca se sabe o que o corpo nos espera, você bem sabe), mas para mim ainda muito mais por egoísmo mesmo!!!
Queria poder conciliar tudo, mas eu tenho a impressão que muita mulher que tem filho meio que "emburrece". Fica completamente por fora do que acontece ao redor e a única coisa que interessa é a cor do côco da criança (a ponto de colocarno facebookcoisas do tipo). Não existe quase mais diálogo possível entre uma mulher que tem filhos de uma que não tem. de vez em quanto entro em algum assunto que vi nos noticiários e elas me respondem que desde que tiveram filhos não olham mais TV (que a TV agora pertence à criança, para assistir a Galinha Pintadinha) e não tem vontade de ler jornais. Morro de medo de me tornar assim.

Chant disse...

Também tenho esse receio de perder a liberdade. Não acho que não querer ter filhos seja um ato egoísta. Acho natural, simples assim.

Em relação ao filme, esta foi, na minha opinião, sua melhor cena. Imagino que muitas mães deram um suspiro de alívio nessa hora.

Acredito que a maternidade pode ser incrível, apesar dos pesares, mas a pessoa tem que ter o tal chamado mesmo. O bom é que hoje mulheres têm mais liberdade de assumir que não tem interesse na maternidade, sem parecer um elefante rosa na sala.

E pra terminar, você está ficando cada dia melhor! hahahahahaa

Anônimo disse...

Atirar pedras? Jamais! eu digo é que bom saber que existem pessoas como você que pensa e sente como eu. É tão bom ler isso, pois tudo que tenho ouvido é que já está passando da hora de ter um filho, já tens 35 anos, quem vai cuidar de ti na velhice, gente isso me provoca muita chatiação as vezes raiva, mas estou procurando uma forma de nem ligar mais pra o que dizer, mas as vezes eu não consigo principalmente quando dizem que mulher só é mulher quando tem filho, ai eu fico furiosa. rsrs Confesso que já destressei muito e hoje tenho consciência que maternidade não é pra mim.
Bom fazer parte desse grupo e te ter como um exemplo, te acho maravilhosa e concordo com tudo que dizestes.
Bjs e vamos ser feliz do nosso jeito e não no pradão da sociedade politicamente correto.
Isabel Martins

Anônimo disse...

Querida Ro,

Muito bacana, como sempre, mais esse post!

"Super" concordo com vc...

Sou mae e tento ser a melhor e o melhor que posso ser para o Benjamin e na tentativa, consigo ou quase...
Isso implica sim abdicar de algumas coisas, imagino que a diferença entre as mulheres que se propõem abertas a maternidade e outras nao e no que cada uma delas vê como "ganho" e "perda" e o quanto esse recompensa ou conseqüência vale a pena e vem de encontro a aquilo que cada um busca genuinamente...

Como sempre, nao ha certo, nem errado...Porem e preciso pensar mesmo 1.0000 x antes de se colocar um filho no mundo...

Um beijo do Allgau ensolarado e feliz dia das pessoas que compartilham coisas legais como as maes e tmb como vc!
Marianna

Anônimo disse...

Nossa penso exatamente como vc!!! Também acho que o mundo está caro, violento e etc. Que vou me perder como pessoa, até que vou perder minha identidade e ou sanidade rsrsrs.
Mas tem que ter coragem para responder as perguntas sobre quando vai vier os bbs. A insistência fica pior depois do casamento.aff
bjss
VeRônica