27 de jul. de 2015

Pelas bandas do Nepal . Capitulo 3

Casa da Rainha dos Ceus
Ele reviu nossa casa, parcialmente destruída pelo terremoto, visitou lugares que frequentamos juntos, me viu nas mulheres vestidas de Kurtas coloridas, com muitas pulseiras, colares, e brincos e sorriu como criança, com os olhos cheios de lágrimas de alegria. Acho que finalmente ele entendeu, espero. Bem, como meus olhos estavam começando a marejar também, e eu não queria provocar uma mudança abrupta no tempo, decidi dar uma chegada para ver o resto do pessoal que já devia estar acordando no Brasil. Macapá, Belém e Marituba, ai vou eu. Mais tarde eu volto para cuidar do fecho deste dia especial.


Quando voltou para o Hotel, Flavio descobriu que o jantar que estaria marcado para o dia 27 havia sido antecipado para o dia 26, e que uma camionete iria levar os convidados para um restaurante tradicional Nepalês. Mal sabe ele, que eu tinha metido o dedinho na mudança. Primeiro, porque a comida era da região onde havíamos vivido juntos quase uma vida toda, mas o mais importante ainda estava por vir. Ele não sabia o que o esperava.



Mas ainda tive que superar mais um obstáculo para chegar ao meu objetivo final. A comunicação em cigarrês não funcionou adequadamente, e o promotor da recepção, acabou propondo que o grupo não ficasse no salão principal, onde estava ocorrendo a apresentação de bailados tradicionais das várias regiões do Nepal. Ele achou que o Flavio preferia conversar. Mas eu não queria que ele conversasse, mas visse as apresentações, especialmente uma, que confirmaria definitivamente minha mensagem.

Apelei, me apresentei de garçonete, vestida em trajes típicos, e convenci os vários homens presentes na mesa, que o salão principal era mais interessante. De novo me fiz presente nas várias mulheres dançando bem quadradinho os bailados nepaleses, com vestimentas bem coloridas. E aí chegou a hora da apresentação final, que eu tinha certeza iria convencer definitivamente o Flavio que os eventos acontecidos desde sua chegada ao Nepal, e especialmente neste dia, não haviam sido casualidade, mas uma clara mensagem minha.

Danca do pavao, tradicional do Nepal
Quando o último numero foi anunciado, ele ficou boquiaberto, com toda a razão. Quando ele poderia esperar me ver dançando em um palco em Katmandu, a dança mais tradicional do Nepal: a dança do Pavão.  E foi um espetáculo pavular, ao som de música nepalesa. Finalmente dei a publico a origem real do Pavulagem da Ro. Quem estiver interessado em ver o vídeo, clique no link abaixo.

https://www.facebook.com/flavio.valente.7?pnref=story 


Rainha dos ceus, senhora do arco-íris
Esta é a breve história de um amor eterno entre dois nepaleses que se reencontraram brasileiros, após alguns séculos e que tem encontro marcado no terceiro coral à esquerda, seja onde for que este esteja, para começar de novo. Pena que a maior parte de nós, mortais, tenha a tendência a esquecer algumas coisinhas, quando passamos de cá para a outra. Ainda bem que tem algumas rainhas de copas e/ou dos céus, que não nos deixam esquecer, com seus arco-íris, roupas coloridas e pavulagem,

Fim do principio do recomeco

Pelas bandas do Nepal . Capítulo 2

Hoje pela manhã, os céus do Nepal estavam azul anil, de fazer inveja ao céu do Brasil, sem uma nuvem. Eles saíram cedo para Nagarkot, um ponto de observação das montanhas que compõem o Himalaia. Após um percurso maravilhoso de subida, a turma chegou na torre de Nagarkot. Pela primeira vez em várias semanas, era possível a observação de uma vista de 360° de cordilheira, e ver todo o vale em direção a Katmandu. Nem os nepaleses, nem o Flavio e sua colega acreditavam no que estavam vendo. Brincando, o Flavio comentou com o pessoal quem sabe Sidarta tinha organizado o cenário. Mal sabe ele....As coisas estavam indo bem, mas faltava o principal.


No caminho de volta, a idéia era parar em Bhaktapur, uma das cidades sagradas do Nepal, gravemente atingida pelo terremoto. Isto era central no meu plano, mas eu precisava organizar bem as coisas. Meu mensageiro somente estaria disponível a partir de meio-dia, e o acompanhante do Flavio estava com muita pressa de voltar para Katmandu e visitar o templo crematório, o que também estava nos meus planos. Ele havia marcado o almoço, em um restaurante familiar de beira de estrada, com uma só mesa, para as 10 horas da manhã, hora comum de se comer no Nepal. Mas isto acabaria levando a um desencontro fatal, e meu plano iria por agua abaixo, sem monções.

Mas eu dei um jeitinho... Dei uma desreguladinha no ponteiro do combustível, o que foi o suficiente para atrasá-los mais ou menos uma hora para o almoço, e portanto, para a visita a Bhaktapur. Mas não pensem mal de mim. Eles ficaram parados em um lugar lindo com uma vista maravilhosa, e seguiram viagem sem transtorno....maior.

Mas o tal de individuo acompanhante continuou tentando atrapalhar meus planos. Ele tentou convencer o Flavio a não visitar a cidade, porque tudo teria sido destruído. E propôs que ao invés, fossemos visitar o acampamento dos atingidos pelo terremoto, que ainda continuam em tendas, três meses após o mesmo. Mas tudo correu como eu havia planejado: eles não entraram pelo portão principal da cidade, o que teria me atrapalhado muito, e a pessoa que os levou ao acampamento era meu mensageiro, com quem o Flavio tinha prometido a se encontrar caso viesse ao Nepal.

A visita ao acampamento foi rápida devido a um conflito que havia acabado de ocorrer entre os acampados e a administração do campo, o que dificultou uma conversa mais aberta com os afetados. Como sobrou tempo, meu mensageiro propôs que o grupo desse uma olhada pelo menos em alguns templos importantes da cidade, que ficavam fora da área que exige o pagamento de ingressos. Finalmente, as coisas estavam chegando aonde eu queria.

Templo de Indrayeni
Eu estava tão ansiosa que não conseguia controlar minhas cores, e todos os Kurtas e Saris das nepalesas que passavam com seus cestos de mantimentos e com suas crianças com uniforme escolar impecável pareciam se incendiar, ao sol de uma hora da tarde, irradiando as brilhantes cores do arco-íris. Eles foram subindo lentamente do acampamento dos afetados em direção a uma porta secundária que levava a zona central da cidade. Após andar uns cem metros, meu mensageiro mostrou uma construção pequena, a direita do caminho, edificada sob uma árvore sagrada e disse: este é o templo da Deusa Indrayeni, rainha dos céus, que usa o arco-íris como arco para lançar raios, trovoes e temporais, ou mesmo para seu transporte.


O Flavio olhou na minha direção, como se estivesse me vendo e vi lágrimas brotar dos seus olhos, e fiquei triste. Não era isso que eu queria causar, só queria que ele lembrasse de nossa historia no Nepal, há muito tempo, quando nos conhecemos em meio às montanhas, trabalhando os campos, cuidando de búfalos e cabras, e nos amando como sempre nos amamos, pelas ruas de Bhaktapur. Queria mostrar para ele que o amor é eterno para além desta vida, porque vida não tem começo, meio ou fim, só nossos corpos.


Continua...

Pelas bandas do Nepal - capítulo I

Gente, nem conto para vocês. Nestes últimos dias ando que nem a irmã, é um tal de pisa aqui, pisa acolá, que nem rainha aguenta. Uma hora tenho que estar em Belém ou Marituba, para ver se está tudo bem com a Dona Euneide, logo, logo tenho que dar um pulo em Macapá para ver se o Viana está se cuidando e se o Cafú se recuperou, e quando menos espero tenho que dar uma chegada no Nepal para ver se tudo está indo bem com a viagem do Flavio. Pelo menos o fuso horário ajuda. Enquanto o pessoal está dormindo no Brasil, me mando para o Nepal, sem deixar de dar uma parada em Heidelberg para ver se a Frau Fütterer está melhor do pé. Se eu não fosse rainha, diria que estava cansada, mas não me rendo.

Mas tudo tem sua razão de ser. A viagem do Flavio para o Nepal me pegou de surpresa. Eu já tinha me preparado para esta eventualidade, mas tive que fazer tudo a toque de caixa, quando ele antecipou a viagem. Desculpas se estou fazendo atalhos, mas vocês sabem que não gosto de historias longas. Rs. Rs. Mas é duro enviar mensagens por arcoirês, passarinhês, e outros dialetos. Nem sempre as pessoas entendem, e eu não gosto que não me entendam. Mas eu preparei tudo...e aparentemente deu certo...

Mas vamos ao fatos. Eu tive que preparar um monte de “deja-vus”, desde que ele chegou no Nepal, um atrás do outro, para que o Flavio se  antenasse. Porquê? No final vocês vão entender, este post é longo... Em meio a tantas reuniões é difícil chamar a atenção do Flavio. Então eu lembrei a estória do aniversário, e funcionou. Ele ficou encafifado... Explicando, o número preferido do Flavio, desde criança, é o número 22, e ele nunca entendeu porque,  mas eu sabia....há pouco tempo, mas sabia.

Um passarinho cochichou no ouvido de uma amiga do Flavio, que ele tinha que ir a sede da FIAN Nepal, mesmo que fosse só por uma gentileza social. (Cá entre nós, o Flavio não é muito disto...) E ele foi. Arranjei outro “deja vu” e ele acabou se sentando onde eu queria, em frente ao novo calendário da FIAN Nepal, para conversar sobre a programação turística do fim de semana. (que eu já tinha preparado cuidadosamente...)

Durante a conversa, os olhos do Flavio bateram sobre o primeiro mês do calendário Nepalês, e notou que estranhamente o “mês”, ou melhor, o ano começava no dia 14 de abril, e que havia outra numeração sobreposta a que conhecemos no ocidente. E se arrepiou quando constatou que o dia 5 de maio corresponde ao dia 22 do primeiro mês do ano nepalês, o nome do qual nem tento pronunciar. Neste dia foi aprovado o roteiro turístico para o dia 26, que eu havia “proposto”, apesar de algumas resistências...

Tudo estava indo bem até que eu me distraí e não cuidei das condições meteorológicas. Eu estava descansada porque as conversas nos bastidores indicavam que o tal de aquecimento global (que eu nunca entendi direito) estava atrasando os monções, especialmente no Nepal. Tudo indicava tempo bom. Como venho perdendo o costume de olhar o celular, não notei a previsão de tempo para o dia de hoje, 26 de julho: 100% de chance de temporal, com relâmpagos e trovoadas, em todo o Nepal.


Sem perda de tempo, dei uma conversada com o Sidarta e com a turma do Maomé, que são influentes na região, e também com o São Pedro, mesmo sabendo que ele apita pouco por lá. Afinal de contas eu tenho alguma influencia no céu. Eu pedi encarecidamente que eles adiassem somente por um dia  a chuva. Ao mesmo tempo, pus as cigarras para buzinar no ouvido do povo que era melhor esperar pela manhã para tomar a decisão. O tempo poderia mudar... Eu nunca acreditei em previsão de tempo, mesmo na Alemanha. Recentemente conversando com Tomé, entendi porque. Parece que sou aparentada com ele, mais essa. rs,rs.

Continua....

17 de jul. de 2015

Tres meses...






Em suaves espirais me aproximo,

atravessando nuvens róseas
leves e macias 
de algodao doce fresco






Ao longe tua imagem se reflete
dourada no espelho prata do lago
Pouso no teu ombro, bico tua orelha
e nossos olhos se encontram.
Uma vez mais somos um



Ro e eu em Pondycherry  foto 16/07/2015. O poema foi
escrito no dia 20/10/2000